Cientistas descobriram vida microbiana inesperada em amostras recuperadas do asteroide Ryugu pela espaçonave japonesa Hayabusa2. As amostras colhidas durante o missão lançada em dezembro de 2014 e retornou à Terra em 6 de dezembro de 2020, levantou questões importantes sobre a contaminação e o potencial de vida em ambientes extraterrestres.
A equipe de pesquisa descobriu que essas amostras de asteróides rapidamente se tornaram o lar de microorganismos da Terra após exposição à nossa atmosfera. Uma semana após serem abertas, as amostras de Ryugu exibiam vida microbiana, principalmente de bactérias do solo, incluindo Bacillus. Esta rápida colonização sugere que os micróbios não estavam presentes antes das amostras serem recolhidas no espaço.
Por que a vida microbiana nas amostras de Ryugu levanta grandes questões para a exploração espacial
Matthew Genge, paleontólogo do Imperial College London, observou: “Encontramos microrganismos numa amostra trazida de um asteroide. Eles apareceram na rocha e se espalharam rapidamente antes de morrer.” Esta descoberta mostra a adaptabilidade da vida terrestre e levanta preocupações éticas e processuais sobre futuras missões espaciais em busca de organismos extraterrestres genuínos.
A missão Hayabusa2 empregou medidas rigorosas de biossegurança, tais como ferramentas esterilizadas e atmosferas de azoto, para evitar a contaminação. No entanto, apesar destes esforços, a vida conseguiu infiltrar-se nas amostras, levando os investigadores a examinar a eficácia com que os protocolos atuais protegem contra a contaminação baseada na Terra durante a exploração cósmica. Investigações estão em andamento para determinar melhores práticas para manter a integridade de amostras recuperadas de outros corpos celestes.
À medida que o mundo olha para Marte e para além dele na busca contínua por vida extraterrestre, a compreensão da dinâmica dos microrganismos da Terra em amostras derivadas do espaço torna-se cada vez mais crucial. Genge enfatizou: “O fato de os micróbios terrestres poderem colonizar torna difícil determinar se os materiais que recuperamos são genuinamente estranhos ou simplesmente contaminados”. Esta afirmação reflete preocupações partilhadas por muitos investigadores dedicados à investigação do cosmos.
Desafios de contaminação semelhantes não se limitam às amostras de Ryugu. A resiliência e adaptabilidade dos organismos terrestres levantam questões essenciais sobre futuras missões a Marte ou à Lua. O fortalecimento dos protocolos de proteção planetária é vital para garantir a integridade das amostras e limitar a introdução de micróbios baseados na Terra em ambientes espaciais.
A equipe de pesquisa relatou que uma semana após a exposição da amostra de Ryugu à atmosfera da Terra, as populações microbianas aumentaram de 11 para 147 organismos. Esta rápida colonização destaca tanto a eficácia da vida microbiana na Terra como as potenciais implicações para futuras missões exploratórias noutros planetas, onde a procura de materiais orgânicos poderá levar à formação de ecossistemas de origem terrestre.
Embora estas descobertas contribuam com insights significativos, elas não oferecem informações definitivas sobre a vida extraterrestre. Genge afirmou que seriam necessários mais estudos de DNA para determinar os tipos exatos de microrganismos descobertos, embora as características observadas sugiram fortemente que se tratam de bactérias terrestres comuns.
As implicações desta pesquisa vão além da mera descoberta; eles ressaltam os riscos potenciais de contaminação para futuras missões espaciais. Dado o interesse crescente em amostras de asteróides como Bennu, os cientistas devem intensificar os esforços para mitigar a contaminação e melhorar os processos antes de reivindicarem evidências de vida extraterrestre.
As descobertas foram publicadas na revista Meteoritics & Planetary Science, gerando mais discussões sobre as fronteiras entre a Terra e a exploração espacial. À medida que os investigadores se preparam para análises adicionais de materiais de asteróides, a ênfase em protocolos rigorosos será essencial para preservar o valor científico destas amostras.
A descoberta inesperada de vida microbiana em amostras de Ryugu ilustra a tenacidade dos organismos baseados na Terra. À medida que os cientistas se preparam para futuras missões e descobertas, as lições aprendidas com Ryugu continuarão a ser fundamentais para abordar o potencial de contaminação e garantir a validade das descobertas que poderão remodelar a nossa compreensão das origens da vida no universo.
Crédito da imagem: Telescópio Espacial Hubble da NASA/Unsplash
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