Um estudo novo e honestamente inovador que analisa o comportamento político dos usuários do Facebook e do Instagram esclareceu o papel que essas plataformas desempenham na formação câmaras de eco ideológicas.
Conduzido durante a eleição de 2020 nos EUA, a pesquisa, compreendendo quatro artigos publicados na Science and Nature, foi um esforço colaborativo entre Meta (anteriormente conhecido como Facebook) e uma equipe interdisciplinar de pesquisadores liderada por Professoras Talia Jomini Stroud e Joshua A. Tucker de Universidade do Texas e NYU, respectivamente. Essas descobertas apresentam um vislumbre de um cenário complexo do discurso político online e têm implicações significativas para a compreensão da influência da mídia social em nossa sociedade.
A extensão da segregação ideológica no Facebook
Um aspecto crucial investigado pelos pesquisadores foi a extensão da segregação ideológica vivenciado pelos usuários do Facebook. O estudo destacou que a plataforma foi significativamente segregado ideologicamente, superando de longe pesquisas anteriores baseadas no comportamento de consumo de notícias na internet. Curiosamente, o conteúdo postado em Grupos do Facebook e Páginas apresentaram maior segregação ideológica em relação ao conteúdo compartilhado pelos amigos dos usuários. Páginas e Grupos desempenhou um papel fundamental a distribuição de desinformação, e vários interesses prejudiciais, como QAnon, milícias antigovernamentais, e conspirações de saúde encontrou terreno fértil para propagação.
A profundidade do impacto em páginas e grupos
Páginas e Grupos no Facebook exercido influência substancial na formação do ambiente de informação online. A facilidade de reutilização de conteúdo de fontes de notícias políticas estabelecidas e o mecanismo de curadoria para conteúdo ideologicamente consistente de diversas fontes amplificaram seu impacto. Isso levantou preocupações sobre o papel desses recursos em polarização política e proliferação de conspirações. O estudo também revelou uma alarmante assimetria entre conteúdo liberal e conservador, com uma proporção maior de notícias políticas conservadoras considerado falso pelo sistema de verificação de fatos de terceiros da Meta.
A desinformação compartilhada por meio de Páginas e Grupos atingiu públicos mais homogêneos e predominantemente concentrados em o lado direito do espectro político. Essa descoberta ressalta os desafios no combate à desinformação e destaca a necessidade de abordagens personalizadas para enfrentar as câmaras de eco ideológicas.
Feeds cronológicos x feeds algorítmicos
Outra experiência intrigante envolveu substituindo feeds algorítmicos por um feed cronológico reverso, há muito defendido pelos críticos do design viciante da mídia social. Surpreendentemente, esta mudança não alterou significativamente os sentimentos políticos dos usuários, engajamento político off-line ou conhecimento político. No entanto, os usuários do grupo Feed cronológico gastaram consideravelmente menos tempo no Facebook e no Instagram, revelando a confiança da Meta na curadoria algorítmica para aumentar o engajamento e encorajar o comportamento viciante do usuário.
As implicações e pesquisas futuras
Embora o retrato de Meta dos resultados como uma vitória podem ser questionados, os resultados oferecem uma base crucial para pesquisas futuras sobre o impacto da mídia social na sociedade. Entendendo a dinâmica do câmaras de eco ideológicas, disseminação de desinformação, e homogeneidade do público pode ajudar a criar estratégias para promover discussões políticas on-line mais saudáveis e superar divisões ideológicas.
A pesquisa recente que examina o comportamento político no Facebook e no Instagram desvendou as complexidades das câmaras de eco ideológicas, indicando significativa segregação ideológica e distribuição de desinformação dentro de Páginas e Grupos. Este estudo inovador serve como um trampolim para futuras investigações sobre o impacto das mídias sociais no discurso político e na sociedade em geral. Abordar essas questões será fundamental para formar uma comunidade online mais informada, engajada e coesa.
Com o aumento do envolvimento em várias plataformas de mídia social nos últimos anos, os conflitos relativos às experiências do usuário e indicações de danos digitais aumentaram paralelamente. Se você se interessou pelo assunto, pode conferir por que o Canadá proibiu a publicidade no Facebook e no Instagram no início deste mês.
Imagem em destaque: Capa da revista Science
Source: Um novo estudo científico mostra como o Facebook forma câmaras de eco ideológicas